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Associação dos Servidores da Polícia Civíl do Estado de Minas Gerais

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Suspeitos de fraude em vestibular são presos na Capital

13.10.2020

A Polícia Civil de Minas Gerais, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco-MG), prendeu no domingo, dia 23 de novembro, 33 pessoas acusadas de fraudarem o vestibular de Medicina da Faculdade de Ciências Médidas, em Belo Horizonte. Entre os detidos estavam integrantes do grupo e candidatos que compraram as vagas dos mesmos por um valor que variava de R$60 mil à R$200 mil. Além de provas para ingressar em instituições particulares, a organização criminosa era especializada em fraudar o Enem e até concursos públicos.

As investigações, que já duravam cerca de oito meses, revelaram como funcionava o esquema: professores universitários e médicos residentes se inscreviam nos processos seletivos e faziam as questões. Com o gabarito possivelmente correto em mãos, eles repassavam para os chefes da quadrilha, e estes, por meio de equipamentos sofisticados de transmissão e recepção de dados, importados da China, encaminhavam as respostas certas pelas microescutas que os concorrentes colocavam no ouvido. Para se ter ideia da tecnologia, esse sistema teria sido adquirido por 200 mil doláres.

O Ministério Público também esteve diretamente ligado à ação que desbaratinou a fraude que acontecia em todo o Brasil. No que diz respeito ao Exame Nacional do Ensino Médio, por exemplo, foi concluído que de uma base num hotel em Pontes e Lacerda, no Mato Grosso, os criminosos passaram as questões para candidatos em várias regiões do País. Para piorar a situação, eles tiveram acesso às provas trinta minutos antes do relógio marcar 13h em Brasília e transmitiram as respostas aos participantes por um aparelho que é do tamanho de um cartão de crédito.

Na operação denominada "Hemostase II", 11 fraudadores foram para a Delegacia, assim como 22 futuros alunos de Medicina. A Corporação aponta Áureo Moura Ferreira, mineiro de Teófilo Otoni, e Carlos Roberto Leite Lobo, empresário que mora em São Paulo, como os líderes do grupo, e responsáveis por comandar toda a atividade ilegal. Mantendo um alto padrão de vida, Áureo possuía uma empresa de fachada no ramo de eventos no Vale do Mucuri. Da mesma forma procedia Carlos, que "fingia" trabalhar no setor de venda de equipamentos eletrônicos no Guarujá. 

Presos, na casa dos suspeitos foram apreendidos veículos importados, aparelhos eletrônicos, computadores, documentos, provas de vestibulares e gabaritos. Comprovantes de depósito ainda foram recolhidos pelos policiais. Na madrugada de domingo para segunda e durtante todo o dia 24, os envolvidos foram ouvidos e alguns liberados. Os candidatos pagaram fiança e responderão ao processo em liberdade. Enquanto isso, os suspeitos de comandar o esquema parmanecerão presos, tendo em vista que além da fraude, eles serão indiciados por formação de quadrilha.

Foto: Paulo Filgueiras